O novo thriller psicológico sul-coreano, “O Relatório de um Assassino”, chega aos cinemas no dia 5 de setembro, prometendo uma experiência cinematográfica intensa e claustrofóbica. Sem depender de grandes cenários ou cenas de ação espetaculares, o filme aposta na força de seu roteiro e na potência de suas atuações para construir um suspense eletrizante, centrado no confronto direto entre seus dois protagonistas.
Uma Proposta Irrecusável
Na trama, a jornalista Seon-ju (interpretada por Cho Yeo-jeong) vê sua carreira em risco após a censura de uma reportagem investigativa sobre corrupção corporativa. Em meio a essa crise profissional, ela recebe uma ligação chocante: o psiquiatra Young-hoon (Jung Sung-il) confessa ser um serial killer e a chantageia para uma entrevista exclusiva. A ameaça é clara: “Se você não vier, haverá outra morte”.
Forçada a aceitar, Seon-ju se dirige à suíte de um hotel de luxo, o local escolhido pelo assassino. A entrevista se desenrola sob alta tensão, enquanto seu namorado, um detetive, monitora toda a situação do andar de baixo. Young-hoon não demora a provar a veracidade de suas palavras, apresentando vídeos de seus crimes como evidência e defendendo seus atos como uma forma de “terapia”, na qual ele vinga seus pacientes. A partir desse momento, a entrevista se transforma em uma perigosa guerra psicológica, onde verdade e mentira se confundem em um duelo de intelectos.
Um Duelo Psicológico no Limite
“O Relatório de um Assassino” confina a ação a um único ambiente, criando uma tensão palpável que é sustentada inteiramente pela performance de seus atores. Cho Yeo-jeong entrega uma performance visceral como a jornalista determinada a desvendar a verdade, mergulhando de cabeça na lógica distorcida do assassino. Por outro lado, Jung Sung-il domina a cena com uma calma assustadora, revelando a loucura por trás de uma fachada gentil e equilibrada. Sua atuação sutil, que oscila na fronteira entre o bem e o mal, prende a atenção do espectador. A cinematografia, com o uso estratégico de iluminação, música e ângulos de câmera, transforma as limitações espaciais em um ritmo pulsante que intensifica o suspense.
Os Desafios da Atuação
Para Cho Yeo-jeong, o papel foi um verdadeiro teste de fogo. “Era um papel do qual não havia como escapar, sem ter onde se esconder”, revelou a atriz. “Mas eu senti que, se fugisse desse desafio, continuaria fugindo sempre que uma oportunidade de me testar surgisse. Por isso, decidi encará-lo de frente.” Ela admitiu que, como muitos atores, carrega o medo de expor suas limitações, mas optou por aceitar o resultado, qualquer que fosse. A preparação foi intensa, exigindo enorme concentração e resistência física para lidar com o grande volume de diálogos. “Eu memorizava minhas falas o tempo todo, murmurando para mim mesma. Às vezes, no carro com meu empresário, eu soltava uma fala do filme sem contexto algum”, contou ela, rindo.
Jung Sung-il, em seu primeiro papel principal no cinema, sentiu mais entusiasmo do que medo. “A estrutura do filme, sem saídas, me deixou mais animado do que receoso. Eu senti que precisava fazer esse personagem”, afirmou. Sua conexão com o papel veio de uma experiência pessoal: “Nos meus 20 anos, minha irmã sofreu algo parecido com um erro médico, e a raiva que senti me fez pensar que eu poderia ter agido da mesma forma. Abordei a ideia de justiça privada não como vingança, mas como um instinto humano”.
A Ascensão de Jung Sung-il: Da Incerteza ao Estrelato
A jornada de Jung Sung-il até o estrelato é tão cativante quanto seus papéis. Apesar do enorme sucesso global de “A Lição” (The Glory) em 2022, sua vida não mudou da noite para o dia. Ele confessou que, mesmo após a fama, continuou fazendo trabalhos de entrega para um aplicativo para pagar dívidas e sustentar sua família. “O cachê de ‘A Lição’ não foi extraordinariamente alto. O projeto foi um sucesso, mas eu ainda precisava garantir meu sustento”, explicou.
A grande virada, para ele, não foi apenas financeira. “O melhor de tudo é não precisar mais fazer audições. Esse processo era exaustivo: preparar, esperar o resultado, ser rejeitado… É como passar por centenas de entrevistas de emprego. Hoje, sinto como se tivesse passado de um trabalhador temporário para um funcionário efetivo”, comparou. Mesmo assim, ele admite que a ansiedade é uma companheira constante. “Nossa existência depende de sermos escolhidos por alguém. Por isso, a preocupação sobre o próximo trabalho nunca desaparece.”
Um Thriller que Promete Dividir Opiniões
A reviravolta no final do filme tem o potencial de dividir o público, mas a complexidade do dilema moral que ela apresenta é, por si só, um ponto de grande interesse. Jung Sung-il descreve a experiência de assistir ao filme como um jogo de estratégia: “É como xadrez ou go, onde você tenta antecipar os movimentos do adversário e se pergunta constantemente: ‘o que eu faria no lugar dele?'”.
Com 107 minutos de duração e classificação para maiores, “O Relatório de um Assassino” é um thriller que se destaca não pela escala, mas pela profundidade de seu conflito humano. Cho Yeo-jeong resume seu orgulho pelo projeto: “É um filme com um formato que você nunca viu antes, que te faz pensar. Tenho muito orgulho do que conseguimos realizar”.